domingo, 2 de janeiro de 2011

Resenha do livro "A consciência da história"



A Consciência da História - A Volta da Perspectiva teórica do proletariado 

Uma breve resenha do livro A Consciência da História, de Nildo Viana.
Viana, Nildo. A Consciência da História. Goiânia, Edições Combate, 1997. 

A Consciência da História: Uma Retroversão do Materialismo Histórico 

Cláudio Bueno 

O livro do sociólogo e filósofo Nildo Viana, A Consciência da História – Ensaios Sobre o Materialismo Histórico-Dialético, com diz o título, trata da concepção materialista da história. A primeira idéia que temos ao ver um livro sobre este tema é que se trata de mais daquelas simplificações que se vê na fórmulas do tipo “a infra-estrutura que determinas a superestrutura”, mas não é este o caso, como veremos a seguir. 



Podemos dizer que o autor segue a linha do marxismo ocidental dos anos 20, tal como se vê nas obras de Karl Korsch (Marxismo e Filosofia) e de Georg Lukács (História e Consciência de Classe) tanto na forma quanto no conteúdo. Na forma, pois, como se vê no subtítulo, trata-se de ensaios, tal como fizeram Korsch e Lukács; no conteúdo, pois aqui se vê um rompimento radical e uma denúncia implacável dos deformadores do marxismo (Lênin, Stálin, Gramsci, Althusser, etc.), tanto os de orientação social-democrata (reformistas) quanto os de orientação bolchevista ou leninista (jacobinos que querem conquistar o poder do estado). Sem dúvida, neste último ponto há uma discordância com Lukács, mas não com Korsch. 
Neste sentido, podemos dizer que para Nildo Viana o marxismo foi deformado e por isso é preciso retomar o verdadeiro caráter do marxismo. Sem dúvida, A Consciência da História já é uma tentativa neste sentido de voltar ao conteúdo original do marxismo, sendo, portanto, uma retroversão do marxismo. 
Como o autor faz isto? Em um conjunto de ensaios, ele aborda questões clássicas do marxismo (a relação entre ser e consciência, a relação entre materialismo histórico e materialismo dialético, o caráter materialista da dialética, etc.) apresentando uma visão que se fundamenta principalmente nas obras de Marx e Korsch. Aborda temas colocados pelo “marxismo ocidental” de Korsch e Lukács (crítica à ciência e ao positivismo, rompimento com toda abstração metafísica, a questão da totalidade, etc.) e também novas questões postas pelo mundo contemporâneo (determinismo, relativismo, o lugar do conceito, pós-modernidade, etc.); tudo isto partindo de um ponto de vista ao mesmo tempo crítico e renovador. 
O autor compreende o marxismo como sendo “expressão teórica do movimento operário”, tal como havia sido colocado por Karl Korsch, e este é o fio condutor do texto. Ele realiza todo um processo de trabalhar na consciência os conceitos do materialismo histórico. Tanto é verdade que sua definição de modo de produção se distingue radicalmente do que vemos nos diversos manuais sobre marxismo ou materialismo histórico. Para Nildo Viana, modo de produção não é a “base econômica” da sociedade composta pelas forças produtivas e pelas relações de produção e sim “um modo de relação e luta entre as classes sociais” (p. 64). Neste contexto, há a recusa de qualquer determinismo, seja “econômico” ou “tecnológico”. 
O autor também questiona o que se chama de “superestrutura”, recolocando as questões postas por Althusser e Gramsci, mas dando-lhes uma resposta diferente. A distinção entre infra-estrutura e superestrutura é, como colocou Althusser, apenas uma metáfora que se refere ao conceito de modo de produção e, segundo a proposta inovadora de Nildo Viana, formas de regularização das relações sociais. A reificação da idéia de superestrutura (tomando-a como se fosse uma realidade e não uma metáfora) ofusca a compreensão de seu caráter e sua complexidade. 
Por fim, Nildo Viana, no bojo de sua crítica à ciência e à pós-modernidade, aprofunda de forma original questões muito pouco discutidas no interior do marxismo, tal como se vê nos ensaios A Dialética do Conceito e o Método Dialético e o Estudo do Particular. O primeiro retoma a definição de Marx a respeito do conceito (que é, para ele, uma “expressão da realidade”) e o distingue de construtos e noções e o segundo coloca em evidência como o método dialético estuda um aspecto particular da totalidade em contraposição aos que buscam autonomizar os “fragmentos” ou o “fragmentário” (pós-modernos), realizando uma separação anti-dialética entre o todo e as partes. 
Enfim, trata-se de um texto complexo, tanto pelo conteúdo quanto pela variedade de temas abordados. Os habituados com o “marxismo dos manuais” ou com a ortodoxia leninista certamente sentirão um estranhamento em relação ao texto. De qualquer forma, concorde-se ou não com o seu conteúdo, basta um pouco de percepção para reconhecer o seu valor intrínseco caracterizado pela ousadia, tão ausente nos meios intelectuais em nosso país, onde o costume é repetir os autores estrangeiros. 

2 comentários:

  1. A quanto tempo eu não lia tantas bobagens juntas!

    Agora, a perola é a definição de bonchevisques: "jacobinos que querem conquistar o poder do estado"

    Oras, em primeiro lugar a acusação de que os boncheviques eram jacobinos vem da segunda internacional (ver textos de kautsky), critica essa superada pela historia.

    Mas a segunda acusação causa verdadeiros espasmos de risos "que querem conquistar o poder de Estado", é obivil que isso é verdade, assim como essa foi a luta de morte que Marx travou dentro da primeira internacional contra os anaquistas (produnistas e bakuninistas), e o ignorante tenta mostrar uma contradição entre essa postura dos boncheviques e a teoria de Marx, quanta falsificação em tão poucas palavras!

    Para terminar, ao criticar os hegelianos de esquerda, Marx diz que cada qual pega uma parte isolada da teoria hegeliana, para em seguida a voltarem contra as demais partes, pois é justamente isso que esses supostos "marxistas" (incapazes de qualquer ação no sentido de transformação real da sociedade) fazem com o marxismo, do alto de seus escritorios se julgam os guardiões do marxismo, porem castram dele o que de mais fundamental ele possui, a saber, a revolução socialista, a partir da luta entre as classes, culminando na ditadura do proletariado, abrindo uma luta de morte a nivel mundial, vitorioso, o proletariado que por ser a propria classe produtiva em uma epoca de avanço brutal da tecnica, não se torna uma nova classe dominante, mas abole as proprias classes!

    Mas esses academicos vão dizer que isso simplifica o Marxismo, e não tenho intenção nenhuma de negar que o marxismo avançou em diversos aspectos que tornam impossivel postar aqui, porem não se trata realmente disso, a verdade é que por trás dessa acusação de "simplificação" se esconde algo muito mais perigoso, a saber, a liquidação do marxismo, ou mais exatamente, a castração da sua exencia, Marx não foi (como o tentam pintar) um veneravel pensador, que do alto da montanha deu a luz a uma complexa teoria. Não! Marx foi um revolucionario, um homem disposto a entender seu mundo para transforma-lo, a apontar o começo da decadencia do sistema capitalista, mas também a pensar sua superação, não atraves de ideia arbitrarias ou da sua vontade, mas do desenvolvimento real da sociedade, da luta de classes!

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  2. "A volta da perspectiva teórica do proletariado" ...
    Isso parece uma espécie de messianismo salvacionista: um determinado grupo de crentes aguarda fanaticamente a solução para os seus problemas neste mundo ... Os crentes aguardam a volta do"proletariado-messias" .... E o dono da boa nova, de que o salvador voltou, é Nildo Viana! Ele é a voz do proletariado-messias! kkkkkkkk

    Que bosta, meu deus! Que lixo intelectual!

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