Uma análise dialética dos heróis e super-heróis dos quadrinhos
Esse texto tem como objetivo analisar algumas questões da obra “Heróis e Super-heróis no Mundo dos Quadrinhos” de Nildo Viana, publicado recentemente pela editora Achiamé do Rio de Janeiro. Um estudo que, acreditamos, ter sido sistematizado com maestria, evidenciando de forma clara e bem fundamentada as características essenciais dos heróis e super-heróis no mundo dos quadrinhos, os quais têm como determinação essencial o inconsciente coletivo. Um pequeno livro de setenta e sete páginas, porém, com uma análise profícua, organizado em quatro capítulos. Na primeira parte do livro trata da era da aventura no mundo dos quadrinhos; no segundo capítulo discorre sobre os super-heróis e axiologia; no terceiro tópico analisa os “super-heróis” e inconsciente coletivo e, finalmente, no quarto capítulo o autor discute a axiologia e inconsciente coletivo no mundo dos quadrinhos.
O que dizer deste gênero literário quando nos deparamos com uma infinidade de bibliografias produzidas com finalidades específicas, a exemplo das diversas ciências existentes no âmbito acadêmico? Bem, as histórias em quadrinhos receberam um tratamento diferente daquele dirigido à ciência evidenciando o caráter lúdico, o lazer, etc., e na atualidade vem ganhando espaço nas prateleiras escolares e mesmo como leitura indispensável em colos familiares. A partir destas histórias veio se sistematizando uma consciência de que desempenham um papel fundamental na constituição e formação do indivíduo. Os profissionais da pedagogia que o digam com mais afinidade, por estarem engajados nesta crença e, em grande maioria, utilizam das HQ como meio de estimular seus alunos à leitura. Com a mercantilização e burocratização das HQ ocorre uma distribuição em massa, e envolta da massificação das HQ, a idéia de que representam um poço de positividade foi se formando e, por sua massificada distribuição na sociedade, despertaram atenção, até mesmo de estudiosos, emergindo daí, inúmeras análises e discussões derivadas destas histórias.
Analisar as histórias em quadrinhos chega a desperta a atenção, num sentido de levar alguns a pensar que nada poderia ser falado de forma mais sistemática desta “coisa”, gibis, pelo simples fato de serem direcionados a crianças e jovens e não conter nenhum conteúdo que possa ser levado a sério, percebe que está contido aí uma idéia paternalista e coercitiva, a crença de que os adultos representam a seriedade. É esse, um valor propagado nas relações sociais de classe. Por outro lado, quando se fala em seriedade se refere a conteúdo que seja utilizado como material informativo ou mesmo de orientação sobre questões que envolvem o indivíduo na sociedade. Bom, aparentemente, as HQ podem ser interpretadas desta forma, e é no sentido de esclarecer essas questões e outras determinações das histórias em quadrinhos que vemos a grande contribuição deste estudo realizado por Nildo Viana. Até o presente momento não se tem conhecimento de interpretações que tenham atingido a profundidade alcançada por esta análise sobre as HQ, neste caso dos heróis e super-heróis. Assim, enquanto criações do homem e elemento presente na sociedade, as HQ representam um instrumento fundamental para a configuração e estruturação da sociedade no moldes desejados pelos capitalistas.
Além disso, não estranharia o leitor se disséssemos que a seriedade é uma das características, bem analisada por Viana, que está presente nas produções atuais do mundo dos quadrinhos, e ainda, que vem sendo leitura degustada por muitos adultos. As HQ que em seu alvor tinham como característica a comicidade passam a se distinguir pela seriedade. Bom, poderia se questionar onde está o caráter sério nessas histórias? Podemos citar a seriedade presente na mudança de conteúdo das próprias histórias, que não é uma mudança que ocorre por si só, de forma independente do contexto social, mas, uma mudança conseqüente do processo de desenvolvimento do regime de acumulação capitalista. Está aqui, em si tratando de sua relação com a sociedade, o caráter fundamentalmente sério dessas histórias, pois, sua existência tem finalidades bem definidas, para agirem politicamente na configuração e reprodução das relações sociais. Por outro lado, vê se a seriedade sendo expressa na própria mudança formal na apresentação de seus personagens. Essa mudança pode ser notada a partir do conhecimento das etapas históricas em que foi passando as HQ. No início, por exemplo, as histórias eram contadas em tiras de jornais e não permitia o seu desenrolar em períodos longos. Nesse primeiro período, final do século XIX e início do XX, as histórias eram curtas e tinham um caráter voltado para a comicidade, baseadas em figuras caricaturais. Portanto, a razão de ser das mudanças ocorridas nas HQ está no desenvolvimento do capitalismo o qual, segundo o autor, “provoca uma valoração cada vez maior do indivíduo” (Pág. 21). “E o individualismo é uma das idéias-força da ideologia dominante e das construções fictícias da classe dominante” (pág. 22).
Nesta variedade de leituras em quadrinhos podemos, então, encontrar uma variedade de histórias. Essa variedade é que vai trazer conseqüências para a ótica da sociedade em relação às HQ. Diante dessa vasta produção, Viana analisa apenas dois gêneros, isto é, os heróis e super-heróis, uma boa estratégia para não cair numa generalização interpretativa, no sentido de analisar “todo” gênero existente e não se chegar à essência das HQ. Além disso, é através desses gêneros que ocorre, de forma mais explícita, a expressão do inconsciente coletivo, questão que será analisada posteriormente.
O gênero aventura vem então para legitimar a característica individualista do capitalismo, e uma das peculiaridades fundamentais do gênero aventura é a transposição que realiza do individualismo para o mundo da ficção” (pág. 22), uma necessidade que a crise de 29 faz brotar, tendo a “necessidade de um indivíduo forte, resistente, um verdadeiro ‘herói’” (pág. 22), e, assim, a necessidade de reforçar a idéia individualista. Veja que as HQ têm um papel político importante a desempenhar em direção à reprodução do capitalismo. Várias questões poderiam ser citadas quando da sua existência. Uma delas está presente na produção e distribuição de tais histórias. Enquanto mercadoria são meios de enriquecimento dos proprietários de agências que estão em volta de sua produção. Por outro, a sua produção se dá envolta de determinações jurídicas e institucionais, o que delimita o conteúdo e a forma dos personagens. Conseqüentemente, aqueles artistas que as produzem, as fazem de acordo com determinadas leis.
Portanto, a principal característica do gênero aventura é o maniqueísmo, a oposição entre o bem e o mal. A necessidade do maniqueísmo pode ser explicada a partir da visão burguesa de não poder dizer tudo nem revelar tudo. Daí recorrem à oposição entre o bem e o mal ficando apenas na superficialidade das questões que envolvem a sociedade, ou seja, mostrando apenas a causa e não o causador, a luta de classe, o modo de produção capitalista. Essa idéia é reforçada pelo papel do herói no mundo dos quadrinhos. Existe ainda o herói conservador o qual busca manter a ordem em busca da justiça. Ele não contesta o capitalismo, daí seu caráter conservador, e se baseia na dualidade ordem e justiça.
Tarzan, criado em 1912 por Edgar Rice Burroughs, é o exemplo de herói que luta pela ordem. O mesmo ganha um novo perfil com a crise de 1929. Esse contexto histórico marcado por profundas contradições e fortes repressões vai dar às HQ um novo perfil aos seus personagens bem como inaugurar uma nova forma de produção. Com a crise do regime de acumulação intensivo surge uma necessidade de inspirar a ação humana para se adequar às novas relações sociais que emergiam. É com essa necessidade de se criar um herói para compensar a imaginação que o novo gênero vai se caracterizar. Com o fim da Primeira Guerra os EUA iniciam uma política de expansão política e econômica e cria estratégias para fortalecer e legitimar essa sua ação. Tarzan, então, é o herói que vai ter como missão a colonização. Ao se deparar com a civilização antiga e exótica vai promover a justiça e a ordem. Muitos outros heróis são criados com essa finalidade política, os quais vêm para dar força ao novo regime de acumulação que surgia, como o príncipe valente, Dick Tracy, Flash Gordon, Zorro entre outros.
No capítulo que trata da Guerra e a Visibilidade do Significado Social dos Heróis, Viana coloca como determinação fundamental dos heróis, a sua ligação com os interesses dominantes e esta concepção é questionada pela maioria dos estudiosos do mundo dos quadrinhos. Essa discordância está intimamente ligada aos valores de tais pensadores. Discordam que as HQ têm uma proximidade com interesses dominantes por defenderam os valores da classe minoritária da sociedade, e é por isso que se faz de extrema importância essa análise de Nildo Viana, do nosso ponto de vista, por defender os interesses da classe que representa a parte majoritária da sociedade. É engajado numa perspectiva de ruptura que Viana retrata a mudança formal e de conteúdo das HQ que seguia o ritmo das mudanças do regime de acumulação. Com o advento da segunda guerra mundial a aventura dá lugar à superaventura. Os Heróis, com suas características terrenas, destarte, com habilidades fantásticas, são substituídos pelos super-heróis com poderes sobre humanos.
Heróis e super heróis, portanto, são utilizados como estratégias políticas pelos países mais desenvolvidos economicamente envolvidos em conflitos e disputas políticas e econômicas, e isso pode ser facilmente notado no envolvimento dos personagens com a guerra é o que marca esse seu caráter político. Essa relação das HQ com o contexto social em que foram criadas, retratada por Viana, é fundamental para entender a configuração de tais histórias. A maioria dos teóricos dos quadrinhos toma as histórias com fins em si mesmo, isto é, que as histórias mudam a si próprias como se elas fossem dotadas de vida e pudessem escolher o caminho a seguir. Não interpretam as histórias em quadrinhos como sendo essas, produtos e criações do próprio homem. Apesar do gênero aventura e superaventura, analisados por Nildo Viana, serem produzidos dentro de parâmetros institucionais, são expressões de necessidades-potencialidades reprimidas em todos os indivíduos da coletividade, naturalmente, expressão daquele que lhe produziu.
O mundo dos quadrinhos, portanto, são “expressões das mudanças sociais” (pág 37). O processo de burocratização e mercantilização das relações sociais, uma determinação do capitalismo, cria a necessidade, através da fantasia, de superar a prisão que se tornou a vida social e conquistar uma liberdade imaginária para compensar a falta de liberdade real (pág. 41). Os heróis e super-heróis, nesse contexto, mantêm uma relação íntima com os valores dominantes. Nesse sentido, acreditamos, uma das principais contribuições oferecida por Nildo Viana é quando trata do sentido axiológico e do inconsciente coletivo presente nas histórias em quadrinhos.
“Axiologia” é um conceito por ele desenvolvido para substituir o de “ideologia” utilizado pela maioria dos estudiosos das HQ. Numa visão dialética, esse conceito, axiologia, contribui profundamente para o esclarecimento de algumas dúvidas, provenientes de confusões que os positivistas, especificamente, criaram na utilização do conceito de ideologia. Marx ao tratar a “ideologia” se referia à falsa consciência sistematizada a partir da ação da classe dominante sobre as classes dominadas. Porém, com o tempo esse conceito foi deixando de corresponder à realidade e foi justamente isso que fizeram os estudiosos dos quadrinhos utilizarem o conceito de “ideologia” para expressar os valores culturais que as HQ reproduziam. O termo “valor cultural”, por sua vez, não consegue explicar as determinações intrínsecas nessas produções, pois, deve-se especificar qual valor estão tratando. Daí a contribuição de Viana com a criação do conceito “axiologia”. Com esse conceito os valores podem ser expressos de forma correspondente à sua especificidade, ou seja, como valor proveniente da cultura dominante, portanto, como padrão dominante. Conseqüentemente, abre-se espaço e instiga os estudiosos a voltarem sua atenção para o que representa de fato o termo “ideologia”.
Agora podemos falar da relação dos super-heróis com o inconsciente coletivo, sendo esse de fundamental importância para explicar a existência e o gosto pelos super-heróis. Um conceito já citado por Freud e Jung mas que não foi tratado em sua devida concretude. Segundo Viana o inconsciente coletivo é “o conjunto de necessidades/potencialidades, reprimidas em todos os indivíduos que formam uma coletividade (grupo, classe, etc)” (pág. 59). Essa é a principal contribuição deste autor, pois, até o presente momento nenhum pensador conseguiu retratar com tamanha precisão essa característica das HQ. E qual seria então a relação das HQ com o inconsciente coletivo? Bom. No inconsciente coletivo estão contidas as necessidades/potencialidades reprimidas, as quais criam o desejo efetivo de liberdade, isto é, a sua busca na realidade concreta.
Aí o sentido de ser dos heróis e super-heróis no mundo dos quadrinhos, mais especificamente da superaventura, pois, expressam de forma fictícia os desejos reais, porém reprimidos, que o indivíduo almeja que se efetivem. Um exemplo disso é o desejo de liberdade. Na sociedade capitalista o indivíduo não vive a liberdade plena e sim uma repressão convertida formalmente em liberdade. Mesmo criando estratégias para ocultar a repressão que os indivíduos sofrem na sociedade, o capitalismo não consegue banir por completo o desejo de liberdade e, além disso, o desejo da transformação que pode ser percebido na luta brutal existentes entre proletários e capitalistas. Esse é um exemplo de que mais cedo ou mais tarde, as relações sociais do capitalismo serão superadas. No mundo dos quadrinhos essa liberdade se manifesta, por exemplo, no super-herói que voa. O voar, “é um símbolo de liberdade, de superação de limites” (pág. 61). E o modo que os heróis e super-heróis do mundo dos quadrinhos contribuem na reprodução das relações sociais capitalistas é a transposição que realizam, do desejo real de transformação, para o mundo da ficção. A necessidade de efetivação do inconsciente coletivo é real, e efetivando-se coloca abaixo toda a estrutura baseada na repressão e na exploração, e, junto, os privilégios daqueles que dominam. Os heróis e super-heróis no mundo dos quadrinhos, por sua vez, alimenta esse desejo de superação da exploração de forma ficcional. Assim, sendo a aventura e a superaventura a expressão do inconsciente coletivo, essas produções satisfazem parte do desejo de efetivação do inconsciente coletivo, daí, ocorrer a reprodução do capitalismo, pois, não contribuem para que o inconsciente coletivo transponha-se para a realidade e sim para o mundo da ficção.
Nesse sentido, “a superaventura é, em parte, manifestação do inconsciente coletivo e é por isso que ela (e não só ela como também os heróis comuns) tem um público tão grande” (pág. 61). Nesse contexto paradoxal das HQ, vivem aqueles indivíduos que produzem tais histórias. Apesar de produzirem de forma consciente, o conteúdo que elaboram é a expressão do inconsciente coletivo. Além disso, o produto de suas habilidades não é produto de uma produção baseada na liberdade de produção. As HQ são produzidas dentro de parâmetros institucionais e devem corresponder às exigências daqueles que lhes financia. O artista estando sob o controle institucional, se torna impotente frente à burocracia que lhe impossibilita agir da forma que desejar, mas se transforma no todo poderoso nas HQ, o mundo da ficção, vencendo barreiras, expressando sua vontade na ação de seus personagens, vontade essa que na realidade recebe suas limitações. Um exemplo disso é o de Clark Kent que mesmo disfarçado de um executivo, que trabalha, é reprimido, e respeita as imposições do trabalho burocrático, em determinado momento se transforma no super homem, aquele que luta pela justiça, o indivíduo salvador da pátria e a quem cabe a missão de restituir a ordem abalada ou colocada em risco por um determinado vilão. Nesse sentido que Nildo Viana afirma que “a superaventura significa a carta de alforria imaginária do ser humano escravizado no mundo da burocracia e da mercadoria” (pág. 63).
Pode-se perceber, portanto, que assim como o artista torna consciente ficcionalmente o inconsciente coletivo, ou seja, expressa seus desejos nas HQ, o inconsciente coletivo pode se tornar consciente coletivo de forma prática. E o estudo do inconsciente coletivo através do mundo dos quadrinhos se faz necessário para levá-lo á consciência, contribuindo, conseqüentemente, para a transformação social. Essa é uma necessidade fundamental para a libertação da humanidade, e do nosso ponto de vista, a principal contribuição de Nildo Viana nesta obra.
É, portanto, na última parte do texto que o autor analisa a axiologia e o inconsciente coletivo no mundo dos super-heróis. A axiologia, portanto, expressa o lado conservador enquanto o inconsciente coletivo o contestador. Isso é um paradoxo em si tratando dos valores almejados pela classe dominante, no sentido de que os criadores destas histórias ao produzi-la é submetido ao controle institucional, de reprodução da ordem, porém, ao projetar a história ele expressa seu lado contestador, de superação da ordem, na ação dos super-heróis.
Uma outra questão analisada é que “essas histórias exercem um grau de influência ao leitor muito menor do que se pensa, pois, ao fazer a leitura de tais produções o leitor não se prende aos detalhes da narrativa que expressam seu caráter ideológico e sim nos aspectos fantásticos da história (os combates, a luta pelo poder, os tipos de poderes, os mundos estranhos e maravilhosos etc)” (pág. 65). Isso demonstra o quão desejosos estão os leitores dessas produções, e a maior parte da sociedade, da busca efetiva da liberdade, bem como da superação das relações sociais baseadas no capitalismo, que tem como determinação fundamental a exploração. Além disso, um dos fundamentos desta sociedade em relação à sua sociabilidade é a competição. Essa competição pode ser encontrada em várias HQ assim como em alguns desenhos de televisão. Um exemplo dado pelo autor de programa televisivo, cuja origem deve-se ao mundo dos quadrinhos, que enfatiza essa competição é Dragon Ball onde seus personagens (Goku, Vendita etc) “vivem numa luta eterna e infinita por possuir mais força, em ficar com mais poderes do que os outros. O objetivo é ganhar a competição... (pág. 66)”.
Nesse sentido, a maioria dos super-heróis criados são conservadores, conseqüência dos valores que aqueles que os produzem possuem, e são poucos que expressam a contestação. A ação estatal com a criação de leis, proibindo ou mesmo determinando valores a serem respeitados e não contestados nas produções, reforça esse conservadorismo. Namor, o Príncipe Submarino, é um exemplo de herói contestador. Namor, no entanto, com o tempo foi sofrendo alterações formais e de conteúdo, tornando-se “calmo e controlado como qualquer outro super-herói conservador” (pág. 67). O mundo da superaventura é, no entanto, o gênero dos quadrinhos que se manifesta de forma mais clara o inconsciente coletivo, mas é também aquele em que a axiologia se faz presente e exerce certo controle em sua produção.
Na conclusão desta obra o autor retoma algumas questões analisadas nos quatro tópicos do livro, tais como: o surgimento do herói em 1929, o herói como figura axiológica, o herói na guerra, e isso demonstra sua ligação ao poder, o surgimento dos super-heróis em 1938 através do super-homem, o super-herói como reprodutor dos valores dominantes e do inconsciente coletivo na ação dos heróis. Por fim, ressalta a importância deste estudo tirando dele “uma lição da percepção dos limites da divisão do trabalho intelectual, que pode deixar de lado aspectos importantes da realidade que não corresponde à lente produzida por determinada disciplina científica” (pág. 73). Finaliza ressaltando o seu propósito que é o de perceber “tanto o sofrimento quanto sua negação, e ao fazê-lo contribuir com a luta pela superação do sofrimento” (pág. 74).
Como já dissemos em momentos anteriores, esta obra representa um instrumento de fundamental importância para a compreensão dos aspectos axiológicas presentes nas histórias em quadrinhos, bem como, oferece uma importante contribuição para a efetivação prática do inconsciente coletivo. É claro que sua leitura pode receber diferentes interpretações, porém, podemos ressaltar que uma das principais contribuições deste autor, ao escrever esta obra, foi a tamanha habilidade em evidenciar com precisão, segundo suas próprias palavras, o caráter axiológico, já tratado por outros pensadores, porém de forma superficial, e, fundamentalmente, o inconsciente coletivo presente nas histórias em quadrinhos. O prazer estimulado por este gênero literário tem sua lógica de ser cuja essência está estampada na dinâmica mercantil do capitalismo e esta análise demonstra de forma idílica essa determinação das HQ. Por fim, ressaltamos que nosso objetivo aqui foi de oferecer ao leitor uma análise dialética dos pormenores que compõe essa obra, analisando os pontos principais da análise traçada por Nildo Viana. E para que o leitor possa rejubilar com suas próprias interpretações o conteúdo desta obra, faz-se necessário que faça sua própria interpretação na fonte direta que representa esta obra.
por EDMILSON MARQUES
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