domingo, 2 de janeiro de 2011

Resenha do livro "Estado, democracia e cidadania"


 CRÍTICA RADICAL DO ESTADO, DA DEMOCRACIA E DA CIDADANIA

Renato Gomes Vieira

Estado, Democracia e Cidadania – a dinâmica da política institucional no capitalismo, de Nildo Viana é a um só tempo um livro radical-crítico, necessário e polêmico, para os tempos atuais de degradação dos ideais socialistas e onde grande parte da esquerda quer ser o espelho (ou a consciência) da direita, cumprindo o papel de continuador das políticas neoliberais.

É radical-crítico na medida em que segue as trilhas abertas pelo pensamento de Marx em sua profunda e atual análise do capitalismo, desvendando os segredos da mercadoria, do valor-trabalho e da exploração, mas igualmente revelando os possíveis caminhos rumo à liberdade, à autogestão, ao socialismo, enfim à superação das misérias da sociedade burguesa.

É necessário, porque em tempos de glorificação do mercado, da livre iniciativa, da universalidade da democracia, das virtudes da cidadania, se torna preciso o surgimento de livros que desmistifiquem as ilusões de nossa época, onde muitos “esqueceram” da necessidade de superação do domínio do capital.

É polêmico, como deve ser toda obra inspirada em Marx. Pode-se não concordar com todas as suas teses provocadoras (o caráter capitalista do absolutismo, o positivismo de Gramsci, a visão sobre o partido revolucionário, entre outras), mas seu conjunto representa uma tentativa atual no enfrentamento das novas (e antigas) formas de dominação do capitalismo neste início século e no descortinamento das especificidades deste poderoso modo de produção.

“A cada época de crise o modo de produção capitalista busca alterar o regime de acumulação no sentido de permitir a reprodução ampliada do capital, o que só se torna visível com o desenvolvimento histórico do capitalismo” e dos seus mecanismos culturais e institucionais de exploração, opressão, conformismo e passividade cada vez mais sofisticados, como mostrados neste livro.

Contra a imoralidade intelectual e política reinante, que teima em manter/reciclar/adoçicar/humanizar o capitalismo, uma obra de combate e para combates.

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